domingo, 23 de janeiro de 2011

eco

Vozes eloqüentes. Sóbrias. Claras vozes, se juntando numa harmonia, que dispensa qualquer instrumento ou apresentação.
Chegam como um final de acorde, que acorda e concorda com o destino de reverberar e fluir.
Vozes que cantam, um Natal frio, como nas pinturas de contos. Tristes como uma lágrima de pesar, para quem nunca mais verá tudo da mesma forma.
Me acompanham, as vozes. No choro lamurioso.
Nos gritos ululantes e perpétuos, da minha desesperada loucura.
Perto do que ouço, meus pensamentos, são gritos. Esparsos e confusos, numa rouquidão inútil. Uma tentativa de vibrar e permanecer.
Sou somente o final de um eco.

sábado, 18 de dezembro de 2010

As batidas tocam incessantemente o mesmo ritmo...
Levando tudo para uma longa fusão de carnes e almas.
Um urro. Fendeu o escuro do "ser", e fugiu, lábaro.
Rodopiou na ponta duma lança de pecados, e sentiu o fulgor do hálito, desferido como chicotada, no seu rosto, pálido.
Morreu. Morreu sentindo pavor. Na dúvida de ter iniciado o inferno antes ou depois da morte. E Eu. Eu estava lá .
Quando morreu e abriu os olhos, eu estava lá e continuei a tortura que vai durar séculos na tua dor.

domingo, 29 de agosto de 2010

Liberdade ou Morte?

Muitas vezes situações péssimas despertam reações positivas, algumas ao revés. Outras ainda surgem tão somente pra nos tirar do nosso ponto de conforto e nos coloca num ponto de confronto,
Eu X Eu...
Perdoa nossa ofensas....
Um dos pontos mais difíceis do ideal humano, correto , ético, até mesmo "Superior". E quando isso não acontece?
E se o fato de ser incapaz de perdoar vem acompanhado do medo de que por mais que tu esconda essa falha , de alguma forma o ser não perdoado sabe, sente, ve?
Gostaria de poder enterrrar minhas reações e sentimentos, como alguns corpos sepultados, dentro dos nossos respeitosos ritos de passagem. À partir de quando, o falecimento de uma pesssoa à torna pura e redimida perante os seus erros?
À partir de quando, o fato de desejarmos uma vida muito longa, repleta de muitos acertos de contas, passa a ser vingança e não justiça?
Essas dúvidas tem despertado em mim culpas que talvez nem minha sejam. Culpas que tomei como minhas, por sentir que não tenho o direito de dá-las, como um presente por merecimento, aos que eu julgo meus carrascos?
De algum modo, uma morte renasceu em mim, o que eu tentava ocultar. Sob uma placidez forjada, velada, vigiadíssima.
Um ódio latente, que além de incomodar pela simples existência e emanação pessoal, me deixa vulnerável aos que não vejo e temo.
Então "Senhor", perdoai-me por não conseguir perdoar.
Perdoe meus ofensores e à, mim que não posso, não consigo , não quero perdoar.
E se possível, "Senhor", seja justo, e se aos meus olhos a justiça não esteja clara, faça-me compreender os motivos, para que ao menos me sinta mais leve, e menos feio perante o que somos, tua imagem e semelhança.

Marcelo Carmona.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Na obrigação diária de abrir os olhos, tenho de leve a esperança de que tudo esteja escuro.
Só pra ficar mais difícil encontrar minhas coisas na desordem que eu criei.
Em alguns dias até consigo diminuir bastante o tempo claro que tenho que ficar acordado...
E é bem nesses dias que eu mais quero colocar tudo no lugar.
De meus atos noto os que nao foram para ou por mim.
Acho que me esqueci ja faz algum tempo...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Desisto da procura que tento em vão prolongar.
Percebo que mantive a busca de mim mesmo de uma forma brutal.
Percorri todo meu caminho enganando a todos . Mentindo ainda nao ter encontrado nada além de obstáculos.
Fiz com que acreditassem que estava sempre num novo começo. Indo em busca de mim disfarçado mais uma vez.
Farsa galante criada por mim, para mim. Para que eu acreditasse só um momento que aquele monstro que me acompanhava nao era eu.
Nas falhas linhas de total desrespeito, suas palavras trazem cicatrizes de amor...
Amor machucado, enganado. Pela utopia cega do frenesi etéreo e efêmero do prazer inesgotável.
Chama-se falta...
Clama-se, quê...
Espera-se quando...
E mesmo dentro do tempo, até...
Espero.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sonhos desfeitos
Úmidos até;
Guardados na solidão amarga dos anos de fel.
Viscosos sonhos que amalgam estruturas,
Falsas

E em nome da esperança ausente,
De ser nobre por instantes.
Sofremos a ilusão vaga, difusa,
Sendo, tentando, mentindo.

Sigo só.
Por opção de sobrevivência.
Não por egocentrismo.
Por apática impotência de
Minha angústia, só
Só.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

As batidas tocam incessantemente o mesmo ritmo...
Levando tudo para uma longa fusão de carnes e almas.
Um urro. Fendeu o escuro do "ser", e fugiu, lábaro.
Rodopiou na ponta duma lança de pecados, e sentiu o fulgor do hálito, desferido como chicotada, no seu rosto, pálido.
Morreu. Morreu sentindo pavor. Na dúvida de ter iniciado o inferno antes ou depois da morte. E Eu. Eu estava lá .
Quando morreu e abriu os olhos, eu estava lá e continuei a tortura que vai durar séculos na tua dor.
E bem ali, onde o vento mudou de direção, estava eu, sentado esperando que você chegasse sem fazer barulho.
Acho que foi o barulho do vento, ou talvez a poeira que se fez...
Você não me viu, nem procurou um pouco mais, pra ter certeza que eu estava lá. E eu com medo de me levantar e tatear pra te achar, fiquei sentado, lá, esperando você vir, talvez você não tenha vindo.
Mas prefiro imaginar que você veio, eu é que não vi.
Culpa do vento que mudou de direção...
Me enredei nos meus sonhos e não quero sair.
Fui invadido pela minha essência pura, em escala torrencial.
Levou tudo, me deixou aqui, enrolado, como que filtrado pelo meu próprio destino.
Deixe que falem, deixo que julguem.
Juro que quando decidir algo, eu conto

domingo, 29 de novembro de 2009

Hoje, quando a tarde estiver terminando, vou roubar um pouco das cores do final do dia. E quando tu se distrair, vou colocá-las em meu rosto, todas as cores...
Serei um palhaço de cores diversas, iluminadas. Roubadas num instante final do milagre do dia, emprestando à mim, uma beleza que não possuo, nem entendo. Como uma flor retirada de seu berço natural, e levada para um féretro triste, cinza. Em meio ao cáustico sol de inverno que me obriga a curvar, perdendo um pouco da majestade floral, me escondo na tristeza, na melancolia de uma partida onde sou parte do cenário...
Todos choram,
Todos vão embora,
Só fico eu, flor usada, murchando cada vez mais na tentativa de partir com a alma que acompanhei.
E quando mais um dia, trouxe a certeza de que tudo continua, fechei os olhos e vi que até mesmo a escuridão pode ser proporcionada por mim. Tão forte e tão rápida que num piscar, transforma, no meu mundo, o dia mais claro em noite.
Um grito rouco saiu de minha garganta, na lúdica tetativa de exilar minha dor, só minha.
Minha garganta profana deixou rastros de eco no ar, arremedos de restos vocais tentando em vão reverberar algo, tocar alguém. Nulo, vago.
Frustrada tentativa de em voltas perder-se nos nós de si mesmo, buscando ávido uma reentrância de rocha qualquer para nao perecer na queda.
Longa , gélida e interminável, que termina e se inicia de novo, sem pausas, sem dor, sem lógica.
Não quero por agora, mas quando cair, se cair, vai ser para sempre, caindo sempre.
E o grito que minha garganta tentar proferir, será uma lúcida tentativa de exalar minha dor, só minha.