quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sonhos desfeitos
Úmidos até;
Guardados na solidão amarga dos anos de fel.
Viscosos sonhos que amalgam estruturas,
Falsas

E em nome da esperança ausente,
De ser nobre por instantes.
Sofremos a ilusão vaga, difusa,
Sendo, tentando, mentindo.

Sigo só.
Por opção de sobrevivência.
Não por egocentrismo.
Por apática impotência de
Minha angústia, só
Só.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

As batidas tocam incessantemente o mesmo ritmo...
Levando tudo para uma longa fusão de carnes e almas.
Um urro. Fendeu o escuro do "ser", e fugiu, lábaro.
Rodopiou na ponta duma lança de pecados, e sentiu o fulgor do hálito, desferido como chicotada, no seu rosto, pálido.
Morreu. Morreu sentindo pavor. Na dúvida de ter iniciado o inferno antes ou depois da morte. E Eu. Eu estava lá .
Quando morreu e abriu os olhos, eu estava lá e continuei a tortura que vai durar séculos na tua dor.
E bem ali, onde o vento mudou de direção, estava eu, sentado esperando que você chegasse sem fazer barulho.
Acho que foi o barulho do vento, ou talvez a poeira que se fez...
Você não me viu, nem procurou um pouco mais, pra ter certeza que eu estava lá. E eu com medo de me levantar e tatear pra te achar, fiquei sentado, lá, esperando você vir, talvez você não tenha vindo.
Mas prefiro imaginar que você veio, eu é que não vi.
Culpa do vento que mudou de direção...
Me enredei nos meus sonhos e não quero sair.
Fui invadido pela minha essência pura, em escala torrencial.
Levou tudo, me deixou aqui, enrolado, como que filtrado pelo meu próprio destino.
Deixe que falem, deixo que julguem.
Juro que quando decidir algo, eu conto

domingo, 29 de novembro de 2009

Hoje, quando a tarde estiver terminando, vou roubar um pouco das cores do final do dia. E quando tu se distrair, vou colocá-las em meu rosto, todas as cores...
Serei um palhaço de cores diversas, iluminadas. Roubadas num instante final do milagre do dia, emprestando à mim, uma beleza que não possuo, nem entendo. Como uma flor retirada de seu berço natural, e levada para um féretro triste, cinza. Em meio ao cáustico sol de inverno que me obriga a curvar, perdendo um pouco da majestade floral, me escondo na tristeza, na melancolia de uma partida onde sou parte do cenário...
Todos choram,
Todos vão embora,
Só fico eu, flor usada, murchando cada vez mais na tentativa de partir com a alma que acompanhei.
E quando mais um dia, trouxe a certeza de que tudo continua, fechei os olhos e vi que até mesmo a escuridão pode ser proporcionada por mim. Tão forte e tão rápida que num piscar, transforma, no meu mundo, o dia mais claro em noite.
Um grito rouco saiu de minha garganta, na lúdica tetativa de exilar minha dor, só minha.
Minha garganta profana deixou rastros de eco no ar, arremedos de restos vocais tentando em vão reverberar algo, tocar alguém. Nulo, vago.
Frustrada tentativa de em voltas perder-se nos nós de si mesmo, buscando ávido uma reentrância de rocha qualquer para nao perecer na queda.
Longa , gélida e interminável, que termina e se inicia de novo, sem pausas, sem dor, sem lógica.
Não quero por agora, mas quando cair, se cair, vai ser para sempre, caindo sempre.
E o grito que minha garganta tentar proferir, será uma lúcida tentativa de exalar minha dor, só minha.